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São Vicente / SP , 20 de maio de 2024.
Quanto mais pessoas divulgarem, outras salvarem e também divulgarem, mais as imagens e acontecimentos históricos serão preservados. Aqui, minha contribuição e das fontes colaboradoras para que isso aconteça. – Jorge S. Filho
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09/01/2013
História de São Vicente
SÃO VICENTE, O BACHAREL E MARTIM AFONSO
Ela foi fundada oficialmente por Martim Afonso de Sousa em 22 de janeiro de 1532. Como boa parte da história brasileira, este assunto é cercado por mistérios e tem fatos que não se encontram em muitos livros sobre o assunto. Um exemplo? O nome São Vicente não foi dado por Martim Afonso e sim pelo navegador italiano Américo Vespúcio, em 22 de janeiro de 1502. Ele participava de uma viagem pelo litoral para fazer um mapa bem detalhado do Brasil. Quando passou por nossa região, viu duas ilhas (onde hoje estão Santos e Guarujá) e o estuário, que achou ser um rio. Como era dia de São Vicente, não perdeu a chance de homenagear o Santo. Também não dá para dizer com certeza que, 30 anos depois, Martim Afonso chegou à vila no mesmo dia e mês que Vespúcio.
A data foi acertada entre os historiadores pois, vários documentos importantes (inclusive os da fundação) foram perdidos em ataques piratas, maremoto e incêndios. Mas, com certeza, a figura mais intrigante desse período foi o Bacharel Cosme Fernandes Pessoa. Praticamente desconhecido por muita gente, ele pode ser considerado o verdadeiro fundador de São Vicente. O que se sabe é que nos primeiros tempos de Brasil, Portugal mandava para cá muitos condenados e degredados que não queria nas suas terras e vários degredados eram judeus que não conseguiam viver com a intolerância e perseguição dos católicos daquela época.
Alguns historiadores acreditam que o Bacharel era judeu e que, junto com outros homens, teria sido abandonado durante a viagem de Vespúcio em 1502, em um local conhecido como Cananéia (terra de cananeus, isto é, judeus). Já o estudioso português Jaime Cortesão lançou a tese de que o Bacharel já morava no Brasil antes até da chegada de Cabral. O degredado é citado em um documento descoberto por Cortesão, datado de 24 de abril de 1499. Ele teria vindo n’uma viagem não-oficial de Bartolomeu Dias. Há gente que diz que Cosme Fernandes era português, outros, que nasceu na Espanha. Ele e seus amigos deixaram Cananéia para criar uma vila no lugar conhecido como São Vicente onde já existia uma feitoria.
O porto ficou onde hoje é o bairro da Ponta da Praia. Uma carta de 1526 conta como era o povoado (localizado nas proximidades da Biquinha): “de dez ou doze casas, uma feita de pedra com seus telhados e uma torre para defesa contra os índios no tempo de necessidade. Estão providos de coisas da terra, de galinhas de Espanha e de porcos, com muita abundância de hortaliças”. O navegador Diogo Garcia passou por São Vicente antes de explorar o Rio da Prata, um ano depois. Ele comprou do Bacharel um bergantim (tipo de embarcação fabricada em seu estaleiro), 800 índios para serem vendidos na Espanha. Ao que parece, viajantes paravam na vila para abastecer suas embarcações de água potável e comprar mercadorias que precisavam. São Vicente já era um excelente empório fornecedor.
Apesar de Cosme Fernandes ser casado com uma índia e ter filhos mestiços, ele vivia do comércio de escravos índios. Seu povoado prosperou para logo depois cair em desgraça. É que Pero Capico e Henrique Montes, dois “amigos” do Bacharel, resolveram traí-lo. Foram até Portugal e o acusaram de ser aliado dos espanhóis que viviam ao sul de Cananéia, em área pertencente à Espanha, inimiga do povo português. Como prêmio, Montes ganhou as terras de Jurubatuba e a Ilha Pequena (Ilha Barnabé).
Martim Afonso partiu de Portugal em 1530 para resolver vários assuntos no Brasil, entre eles, tirar o poder de Cosme Fernandes. São Vicente tinha importância estratégica para o rei português por estar muito próxima da ocupação espanhola ao sul do continente. Onde estava o povoado, Martim Afonso fundou oficialmente a Vila de São Vicente mas, o Bacharel planejava sua vingança: uniu forças com os espanhóis do aventureiro Mosquera, comprou armas e até aprisionou uma embarcação francesa. Com seus homens, Mosquera atacou São Vicente em 1536. Saquearam e queimaram o que puderam. Antes de voltar para Cananéia, o Bacharel mandou executar o traidor Montes e sumiu da história brasileira sem deixar rastros nos documentos encontrados depois dessa última aventura.

FONTE: Boletim do IHGSV


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